Saturday 1 June 2013

Editorial

Ring of fire, by photographer Colleen Pinski
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"Little darling, it's been a long cold lonely winter
Little darling, it feels like years since it's been here
Here comes the sun, Here comes the sun,
and I say, it's all right!"
~George Harrison, in "Here Comes the Sun", a song
released in the Beatles' 1969 album Abbey Road.
TUDA Junho ~ Junho TUDA!

Quando Theodore Roosevelt disse "If you build it, they will come" (Se você o construir, eles virão!), ele se referiu à construção do Canal do Panamá, e não a um campo de beisebol, tampouco ao seu website! Ao menos é o que dizem... mas TUDA vem provando o contrário!

Desde seus primórdios, quando era apenas uma idéia na cabeça e alguns rabiscos no papel (chamaria-se Artefato), até a viabilidade dos blogs, TUDA vem sobrevivendo, bravamente! E pensar que TUDA começou apenas com o nome, tirado de uma coletânea de poemas deste que aqui vos escreve, mais pela sonoridade do que por todos os outros significados e significantes que queiram lhe dar!

De inspiração Catalã, os poemas de tuda (em minúsculo, diferentemente da Revista) foram apenas a chama inicial, que se consolidou no desafio da revista em encontrar sua própria forma, no pequeno sopro de ar de cada edição, em cada colaboração... Se nada disso valesse ao menos uma peninha, eu simplesmente pediria para "tirarem o tubo!"

Aproveitando esta influência Catalã, somada à recente incursão em ares catalãos - melhor dizer, em vinhos catalães -, vem essa TUDA explorar sentimentos nacionalistas, patrióticos, que clamam identidades culturais, soberanias políticas e econômicas com tal sentimento e orgulho que, quando extrapolados, acabam se transformando em manifestações de intolerância, preconceito e racismo.

Nações não deveriam existir só para cumprirem seus papéis administrativos e políticos de Estados estabelecidos. Deveriam sim, se empenhar em contribuir e proporcionar contextos linguísticos e culturais, sociais e antropológicos para toda a sociedade. Assim, eventualmente, a tecnologia e a economia, esta última sendo conduzida com sabedoria, naturalmente proporcionariam meios para que tais valores se preservassem e prevalecessem.

Com os já conhecidos pyndahýbicos, destimundo e d'outros além, livres, desimpedidos, patrióticos de suas causas específicas, apocalípticos ou integrados, utópicos ou céticos, vem TUDA, patriota da redinha, desta www desatinada, pregando o orgulho das tolerâncias, das diversidades e das convivências! Desnecessário dizer, como sempre, que TUDA traz muita coisa boa, e novidades também! Confiram na Dívida Interna.

Mr. Hollerith dando uma força na edição de Junho...
Herman Hollerith seated at his Census Tabulator, c. 1890 ~ IBM Archives
Fotomanipulação de Eduardo Miranda

É isso aí companheiros, na velha e suja LabUTA do dia a dia, que parece mais fácil quando olhada sob o brilho do sol, deste maravilhoso sol que tardiamente veio visitar o hemisfério de cima - supondo que o norte seja em cima! Melhor aproveitar, pois por aqui, temos as imagens dos dias úmidos e cinzentos muito frescas em nossas memórias... e é para isso mesmo que nos servem os bons momentos, para dar-nos força de enfrentar os maus momentos.

Por enquanto vou mantendo o tubo...

Asyno Eduardo Miranda
o (auto-proclamado) editor
deste porto qvasyseguro da jlha do Eire
oje, nonº dia do sextº mez
d este Anno Domini de MMXIII

Dívida Interna

we are all gods - Antoni Roixes
Editor
Eduardo Miranda

Capa
José Geraldo de Barros Martins

Digitação
Eduardo Miranda

Revisão
dos autores

Participam desta edição:
Aldo Votto, Aristides Klafke, Arnaldo Xavier, Brian Smith, Charles Bukowski, Chico Buarque de Hollanda, Dorival Fontana, Eastman Johnson, Edmur Fonseca (citado), Eduardo Miranda, Grant Wood, Hole Ousia, J.M.W. Turner, Jacopo Pontormo, John Steuart Curry, José Geraldo de Barros Martins, José Miranda Filho, Kimberly Conrad, Marina Alexiou, Oleg Tselkov, Paulo Leminski, Pedro Du Bois, Pieter Bruegel, Plínio de Aguiar, Ronald Augusto, Ronald Augusto, Roniwalter Jatobá, Sandra Nunes e Santiago de Novais

E-mail
tuda.papel.eletronico@gmail.com

Poesia - Arnaldo Xavier

7 Seres ~ Wagner Thibes
subsenhor                Sangue azul                 Sangue vermelho            Sangue
branco           Sangue amarelo                 Sangue verde           Sangue roxo
Sangue cinza                                    7 baldes!

[ in Lud-Lud, Casa Pyndahýba Editora, São Paulo, 1998 ]

Poesia - Aristides Klafke

La Lampe philosophique, 1936 ~ René Magritte
38

Posso ver uma flecha passando pelo meu olho
Mesmo quando não há flecha alguma
                                        passando pelo meu olho
E não é mágico o meu olho
Que fique claro: não delira minha língua
Lucrécio não me deixa mentir - quem se lembra dele?
Além da flecha que passa e não passa pelo meu olho
Posso ver pessoas mesmo quando pessoas
Não passam pelo meu olho
(teria Zenão algo a ver com isso?)
Em todo caso posso ver poemas resultando disso

[ in Quebrada, inédito ]

Poesia - Plínio de Aguiar

Cruz e Souza
Esteno Cruz & Souza Ltda.

Cruzes, Souza!
que negra máquina
fábrica de louça
inventaste!

Cruzes, Souza!
que luta dura
foi ali aqui acolá
travaste!

Cruzes, Souza!
que mulher aquela
caiada até metida
imaginaste!

Cruzes, Souza!
que balanço doido
no escritório da morte
pagaste!

Cruzes, Souza!
que colarinho branco
duro gesso
usaste!

Cruzes, Souza!
que poema
impossível de outro
criaste!

Cruzes, Souza!
que era mais? abolição
simbolos puros
procuraste!

Cruzes, Souza!
que mar de leite
na província negra
navegaste!

Cruzes, Souza!
que sonho de luto
na deserta noite
sonhaste!

Cruzes, Souza!
que vagão enorme
para um negro morto:
exageraste!

Poesia - Santiago de Novais



Eugenio Latour, Meninas e Polichinelo – 1942
Imagem enviada pelo autor
Polichinelo

Ronda
Entre uma e outra fenda
Uma e outra lenda
Leminsky meu amigo polaco
Pluma leve de língua
Puma leve da Índia
Lua assombra o velhaco
Lenta e tchaaaaaaaa
Entre uma e outra fenda
Onda

Poesia - Dorival Fontana

Smoking ~ Adam Neate
Névoa

Observo o cigarro
inerte entre os dedos,
a fumaça em seu
inebriante movimento...
espiral silhueta,
suave ascendente,
multiforme hipnótica,
impregna a mente.
Leva-me
à lugares vagos,
territórios ermos,
ao vazio inabitável
de todos os meus medos.
Queria ser livre,
como a fumaça
desprendendo-se...
altiva, crescente,
incontinente dança...
contudo, continuo preso